A busca pela felicidade deriva da condição humana, no entanto, seu significado não é imune à percepção humana e parece estar alinhado com as necessidades contemporâneas. Aceite, este convite! Reflita sobre o que a felicidade representa e se palavras como conquista, sucesso, resiliência, objetivo, alcance, meta, “ter”, não se encaixarem no que ela significa para você, acredite, você é uma exceção.
Para uma sociedade que valida indivíduos pelo que geram de capital, e cunhou termos como “capital humano”, também a felicidade se torna métrica, termostato, um item básico – não de série – que deve constar no currículo vitae de qualquer individuo.
É comum que empresas e anunciantes frequentemente disponham do ideal da felicidade como uma ferramenta, e as redes sociais são um palco repleto de imagens de pessoas “felizes” com dentes brancos, corpos esculpidos e cenários ensolarados, deixando uma mensagem clara: Compre, faça, seja e você será mais feliz. É como tatear degraus de uma escada sem fim. Ela gera adictos por hiperestesia, porque já não sabem outra forma de sentir.
A pressão da conformidade social também é um resultado da massificação da felicidade, onde os indivíduos são compelidos a alcançar padrões específicos de sucesso e felicidade, frequentemente levando à comparação com os outros e a insatisfação constante consigo mesmos.
– Não importa se seu sorriso é Duchenne! – o que importa é – MOVA OS MÚSCULOS QUE FOR PRECISO – mas mova-os e sorria!
Ser feliz tornou-se um imperativo insustentável, como aponta a psicanalista Vera Ianconelli. Essa crescente demanda por felicidade levou a um aumento na ansiedade, tristeza e sobrecarga nos indivíduos contemporâneos. A busca incessante pela felicidade pode ter se transformado no principal motor por trás de ideologias e sistemas de persuasão e manipulação, resultando em uma felicidade superficial, banalizada e duradoura – nas palavras do sociólogo polonês Bauman, uma “felicidade líquida”.
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